A mãe da jovem trans que teve a barraca de lanche destruída em Feira de Santana, cidade a cerca de 100 quilômetros de Salvador, acompanhou a filha até o Complexo de Delegacias do Sobradinho, onde o caso foi registrado, na segunda-feira (4).
A vítima contou que o crime foi cometido por ódio à identidade de gênero dela, no dia 28 de junho – quando é celebrado o Dia do Orgulho LGBTQIAP+. Além de destruir a barraca da jovem, o homem também tentou agredi-la com uma barra de ferro e um martelo.
Uma amiga da vítima, que estava com ela no momento do ataque, também prestou queixa. O homem ainda não teve identidade divulgada pela polícia. Raimunda Santos, mãe de Karma Íris Santos, falou sobre a importância de acompanhar a filha no registro do boletim.
“Não tem como a gente esquecer esse fato, esse ocorrido, porque foram tentativas de morte [de homicídio], comigo, com a minha filha e com a amiga dela, que eu considero também como uma pessoa da família. Ele foi muito violento, veio com armas brancas para nos matar”.
“Quando ela começou a transição, eu disse: ‘minha filha, será muito difícil, mas eu estou com você. Não vou te desamparar jamais. Estou com você para o que der e vier’. Estamos aí juntas, esperando a justiça ser feita. Eu, como mãe dela, vou estar ao lado dela, apoiando ela. Ela não está sozinha, jamais ela vai estar só em algum momento”.
Karma Íris deu detalhes sobre a situação e disse que nem mesmo a presença da polícia foi capaz de intimidar o homem, enquanto ele destruía a barraca dela.
“A polícia chegou no local, mas ele não se sentiu intimidado, continuou me ameaçando na frente dos policiais. Ele ainda falou que fez a faria de novo. Continuou ameaçando minha vida, continuou ameaçando minha mãe e minha colega que estava comigo. Falou que destruiu a barraca e que tentaria de novo”.
“Ele tentou pegar a mim, minha amiga e minha mãe, mas a gente correu e ele vinha o tempo todo atrás de mim. Só que, antes dele vir atrás de mim, como ele tinha jogado uma barra de ferro, que foi o que alertou a gente, logo em seguida ele jogou um martelo”.
A estudante Rousaly Kaliany Barbosa, amiga de Karma Íris que estava com ela no momento do ataque, relatou que por pouco não foi atingida pelo material arremessado pelo homem.
“O ângulo que o martelo ia bater, era na minha cabeça. Só que pelo fato dele ter jogado uma barra de ferro antes, atingiu um carro de mão que estava do meu lado, aí eu virei. Quando eu virei, o martelo já estava vindo. Rasgou a minha bolsa”.
A Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil, de Feira de Santana, acompanhou as vítimas no registro da ocorrência no Complexo de Delegacias do sobradinho.
“O que a gente pode assegurar, é que a gente está trabalhando com todas as forças, para que elas possam ter a segurança delas preservadas e a vida delas possam voltar ao normal”, disse Niwerton Tavares, representante da comissão.
Via: G1 Bahia
Deixe seu comentário