O médico e cientista diante da sua história conta com exclusividade a Júnior Robocop, Editor do Bahia Noticia, sobre reprodução humana e tudo que você gostaria de saber para ser mãe diante de muitas situações.
Bahia Notícia: Primeiramente, gostaríamos de saber quem é Pedro Leitão?
Dr. Pedro Leitão: Eu sou médico, na área de ginecologia, obstetrícia e reprodução humana, trabalho há 20 anos em Feira de Santana, formado pela Escola Baiana de Medicina. No meu aprendizado tive contatos com grandes hospitais, que ajudaram na minha formação, como o Roberto Santos, HGE, tive o contato com o Centro de Reprodução Humana de Feira de Santana e de Salvador, isso facilitou muito a abertura e conhecimento na área de reprodução e também na área de ginecologia endócrina, que é a parte que avaliamos sempre os hormônios, menstruação, ovulação e desenvolvimento da mulher e o estudo da menopausa, tive ajuda de grandes professores, que ajudaram tanto na formação das laparoscopias, cirurgias endoscópicas e daí em diante a formação que foi agregando o estudo dos hormônios e da reprodução.
Bahia Notícia: Doutor, falando em reprodução, uma dúvida, que muita gente acha que é a mesma coisa: o que diferencia inseminação artificial e in vitro?
Dr. Pedro Leitão: A famosa fertilização in vitro, hoje com o nome de injeção citoplasmática de espermatozoide se diferencia da inseminação pois a inseminação é um método mais simples, que é colocar o sêmen mais preparado, um sêmen, que primeiro já foi analisado e avaliado, mas ele vai ser um pouco centrifugado e melhorado os espermatozoides móveis e ativos e esse sêmen é introduzido no dia em que a mulher está ovulando, então ela faz um preparo entre 10 a 12 dias com o ginecologista que vai preparar os óvulos dela para entrar no ritmo de ovulação e neste dia é feito o quadro de inseminação do sêmen do seu parceiro ou o sêmen que ela tenha escolhido em clínica ou laboratório, de forma voluntária, para aumentar a chance de gravidez. Em média entre 15% e 38% engravidam com uma única inseminação, mas pode ser feito mais de uma inseminação, de acordo com o desejo e condição do paciente. Já a fertilização in vitro trata-se da seleção do espermatozoide que são agrupados, ou seja, fecundados em laboratório, então nesse caso a paciente também passa por medicação durante 10 a 12 dias, mas é retirado do corpo dela esses óvulos e o parceiro sede esse sêmen no que dia em que esse óvulos são retirados, o sêmen é também selecionado e os melhores espermatozoides são separados e introduzidos nos óvulos que foram retirados da paciente, se esses óvulos estiverem em fase 2 ou mais, são óvulos que são mais receptivos aos espermatozoides e dentro de 24 horas o laboratório consegue observar se essa fecundação foi efetiva, com mais 3 dias se nota a evolução desse embrião, já que o espermatozoide dentro do óvulo agora fecundado tem na sua divisão celular um agrupamento que tornará ele um ser humano e a gente chama então embrião. Se esse embrião tem uma divisão celular favorável nos tempos corretos e na sua formação correta, dentro de 3 a 5 dias o casal recebe essa boa notícia que os embriões são viáveis, agora são selecionados 2 embriões e transferidos para dentro da cavidade da mulher. Lembrando que essa transferência dos 2 embriões para a cavidade podem ser feitos logo sequenciados a esses 5 dias ou podem esses embriões serem congelados e transferidos num momento melhor para a paciente.
Bahia Notícia: É comum no caso de tanto artificial quanto in vitro a gravidez gerar gêmeos ou mais bebês?
Dr. Pedro Leitão: Vários estudos em vários anos foi tentando descobrir qual a melhor quantidade de embriões para se colocar no útero da mulher. Então digamos que selecionamos os óvulos, os espermatozoides e chegamos a soma de 5 embriões, chegou-se a época que se colocavam os 5 embriões por medo de não vingar, aí a história mostra pra gente casos de 3 filhos, 4 filhos, só que quantos gêmeos você encontrou hoje na rua quando você saiu? com quantos gêmeos você cruzou essa semana? são raros! A gestação do gêmeo normalmente não chega no final, combina muito com aborto, então primeiro com medo de sempre toda gestação por fertilização causar um número muito grande de fetos e por não estar chegando essa gestação ao final pelo risco da germinabilidade foi instituído por idade qual a quantidade ideal de embriões, então até 38/40 anos o ideal é sempre 2 embriões, acima de 40 anos até 42 se estuda a possibilidade de utilizar 2, 3 ou até 4 embriões e acima de 45 anos fica sempre o bom senso do paciente com o médico que está acompanhando, profissional que tem experiência suficiente para decidir o caso. Talvez você até pergunte: “Porque com 40 anos pode colocar mais embrião?” muito simples: coloca-se mais embrião pois a chance desses embriões vingarem é menor, um embrião de 40, 42 anos é um óvulo de 40, 42 anos, assim sendo a chance de vingar é menor. Um óvulo com menos de 35 anos é óvulo com melhor cromatima. um melhor gênese, é um óvulo que tende a fecundar, então se eu sei que tenho menor chance de fecundar eu posso colocar mais de 2 embriões acima de 40 anos. E se minha chance de fecundar é maior, abaixo de 40 anos, eu não arrisco, coloco no máximo 2 embriões e esses 2 podem vingar e ainda podem se dividir, já aconteceu vários casos da gente colocar apenas 1 embrião com medo de ter gêmeos e ele se dividir, então o risco de germinabilidade na fertilização in vitro acontece, pois já foi colocado mais de 1 embrião por tentativa.
Bahia Notícia: Esse risco que você fala da mulher acima de 40 anos coloca em risco tanto a a mãe quanto o bebê?
Dr. Pedro Leitão: Acho que o grande risco para o bebê é o aborto, é ele não conseguir se desenvolver dentro da gestação, em relação a idade a gente sabe dentro da estatística que uma mulher de 40 anos oferece 12% a mais de chance de alterações genéticas e 18% de chances de não terminar a gestação por abortamento, então isso já está na literatura, isso é fato, todo mundo deve ter uma amiga de 40, 43 anos, que engravidou e a gravidez não estava normal, que engravidou e abortou ou que o filho tenha uma síndrome de down, mas isso não significa que todas elas vão ter complicações, quanto mais sadia ela for e quanto melhor o histórico familiar dela melhor será a gestação dela.
Bahia Notícia: Hoje, na Bahia, o senhor passou a ser referência, são poucos médicos especialistas cientistas em reprodução humana, e o senhor está entre os melhores do Brasil, como você avalia hoje ser o ídolo da classe média e popular por ser o cara que consegue realizar o sonho de muitos casais?
Dr. Pedro Leitão: Eu aprendi uma coisa com meu pai, que também é médico, que essa referência, essa questão do “eu sou bom, eu sou melhor” vem muito do paciente que saiu satisfeito vai dizer, ele sempre diz para mim o seguinte: “o paciente que saiu satisfeito ele vai dizer isso para 1 ou 2 pessoas”, a primeira coisa é que 20 anos de atendimento em Feira de Santana vai trazer essa referência, como se traz a outros médicos, tem sempre outros colegas com essa mesma referência, agora existe aquele profissional que consegue bater um papo, que conversa um pouquinho fora do consultório e que consegue falar um pouquinho da especialidade fora, então talvez eu seja um pouquinho mais aberto a conversas, falar um pouquinho mais de outras alterações, e talvez isso crie uma expectativa de que eu seja um cara super bacana, que goste de conversar. Segundo ponto é sempre interessante a gente procurar usar os protocolos, trabalhar com os colegas, trabalhar com todo mundo e trabalhar na sua, sem acusar o colega de ser bom, melhor ou serviço bom ou melhor, quem me conhece em Feira sabe muito bem que não tenho arestas com serviço x, y ou z, falo com todos, cumprimento a todos, trabalho em várias unidades e isso faz com que eu não traga para mim a identidade única de que sou o único que resolve, agora se vier até minha pessoa é claro que vou abaixar a cabeça, abrir bem os ouvidos e ouvir o que essa pessoa tem para dizer, na realidade eu sempre digo: “eu não faço nada mais, nem nada menos do que fazer uma boa anamnese, se isso me traz com um título de estar melhor ou pior que cicrano ou beltrano quem vai dizer é o próprio paciente que passou por cicrano e beltrano”. Eu particularmente só estou no meu consultório, não tenho referência do que está acontecendo no consultório do colega, eu passo praticamente de 8 da manhã até 7 da noite aqui dentro, então quem sabe sabe que eu atendo na hora, passo do horário de almoço, como outros colegas passam atendendo, então eu não sei como atendem em outro consultório, se melhor ou pior, o que eu me preocupo é de simplesmente seguir os protocolos, orientar o paciente e tentar fazer com que a saúde dele seja restabelecida.
Bahia Notícia: Doutor, deixe uma mensagem para os casais que desejem ter filho e as vezes não tem por condições financeiras ou física.
Dr. Pedro Leitão: A mensagem que eu passo na verdade em quase todas as consultas, desses 20 anos, 12 anos foram mais concentrados na área de reprodução humana, que foi também uma tendência no Brasil que aumentou muito os casos na última década de pacientes que tiveram dificuldade de engravidar. E esse número aumentou não foi por acaso, o Brasil é um país onde as coisas acontecem de forma muito difícil, tanto na área de educação, quanto na área financeira e hoje na área emocional, se nós formos analisar o tempo que uma pessoa leva para ter uma formação, conseguir se estabelecer numa formação e conseguir se estabelecer financeiramente e emocionalmente, leva em torno de 15 a 18 anos de atividade estudantil e profissional, isso em qualquer área hoje é perceptível, então nós tivemos entre a década de 80 e 90 um levante do capitalismo a nível do Brasil, que entendeu que 14 mulheres para 1 homem no mundo fariam também entender que a mulher é um mercado maior que o masculino, ou seja, a mão de obra feminina era necessária para alavancar o capitalismo, isso no mundo inteiro e o Brasil acompanhou a tendência, essa mulher para sair de casa e conseguir alavancar esse trabalho não poderia ter mais 8, 9, 10, 11 filhos, então nasce junto com o capitalismo brasileiro, com a introdução da pílula contraceptiva e a introdução do individualismo feminino com menor número de filhos, só que se entendeu da década de 80 para 90 que esse filho era melhor não acontecer tão cedo, então ela adiou o primeiro filho, antes ela estava com 1, 2 filhos e parava de ter filho, ela optava por ligadura, que foi muito exercido na década de 90, hoje não se faz tanta ligadura pois com 35 anos ela não teve nem o primeiro, quanto mais dois, então o que aconteceu com isso: começaram a surgir novas doenças emocionais e hormonais, e aí também tem as doenças do coração, ou seja, mulher trabalhando muito, individualista, ganhando dinheiro, também não estava namorando e casando, ela estava solteira, sem filho, com 35 anos, que a idade que você baixa sua reprodução, então não é atoa que de 2010, 2012 pra cá houve uma explosão de mulheres com quadro de infertilidade. Com homem também não é diferente, só que a explosão masculina cai para 32%, então você encontra 32% de homens com grau de infertilidade, então o primeiro conselho que eu dou é: interessante estudar, trabalhar, mas nossos pais também deram muito duro e trabalharam muito e tinham filhos debaixo do braço, então quem puder ter seu filho durante sua vida construtiva tenha pelo menos seu primeiro filho, se organize, quem não conseguiu se organizar, está estudando, está trabalhando, antes de chegar aos 35 anos se não tiver nenhuma previsão de prole, congele seus óvulos, isso vale para os homens também, congele seu sêmen, congelando os óvulos, congelando o sêmen, antes dos 35 anos, você está aumentando sua chance de ter filho após os 35, 38, 40 anos, esse seria meu primeiro conselho.
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