Foi realizada na manhã desta segunda-feira (4), uma audiência pública na Câmara Municipal de Feira de Santana, para tratar sobre políticas públicas e a falta de valorização para a categoria da Polícia Civil em todo o estado da Bahia.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Eustácio Lopes Oliveira Filho, abordou sobre a importância da investigação dentro da Polícia Civil, como ponto chave no controle da criminalidade.
“A investigação é o sucesso de uma política eficiente, uma política de controle da criminalidade dessa mancha criminal, pois é uma polícia que investigue, que elucide os homicídios apontando o autor e a forma como ele cometeu o crime, mas isso não ocorre na Bahia, porque a Bahia lidera o ranking de homicídios no Brasil pelo segundo ano consecutivo, já encaminhando para o terceiro. Feira de Santana se configura como a 9ª cidade mais violenta do mundo, porque tem uma Polícia Civil do século XIX, atuando no século XXI sem os recursos tecnológicos, sem a inteligência”, disse.
Ainda de acordo com o presidente, falta efetivo para atuar em todo o estado e por conta disso, não há fronteiras entre os estados fazendo o bloqueio da entrada de drogas.
“O estado precisa oferecer as condições ideais e hoje nós só temos 5.500 policiais civis entre delegados, escrivães e investigadores, quando na verdade, deveríamos ter 11 mil profissionais. Falta efetivo, e nós estamos ausentes em mais de 100 municípios da Bahia, entram livremente drogas, porque deveríamos reforçar mais as fronteiras com a Polícia Civil e a Polícia Militar, fazendo o controle dessa mancha criminal. É necessário que o estado hoje faça novos contratos e que logo em seguida, tenha a valorização salarial dos policiais, porque hoje os policiais civis e militares, precisam trabalhar em dois, três empregos para viver com dignidade e Feira de Santana foi alvo agora de um colega que infelizmente deu tiros aqui na rua, saiu nu correndo porque vive essa pressão da violência”, destacou.
Para a presidente da Associação de Peritos e Técnicos da Polícia Civil, Clarissa Gomes, os profissionais trabalham de forma excessiva para complementação salarial.
“O que se deve mudar é a política de valorização do profissional, porque hoje nossos profissionais trabalham de forma excessiva para complementação salarial e isso não pode acontecer. Essa política é necessária e urgente para que tenhamos bons índices no inquérito policial, para pautar um bom processo penal e com certeza, isso vai alterar nos índices de violência em nosso estado”, afirmou.
Ainda segundo Clarissa Gomes, a política de valorização não passa apenas por questões salariais.
“É preciso que se tenha um olhar mais humanizado na segurança pública e um bom gestor, é aquele que valoriza a sua equipe. Esse olhar humanizado requer várias outras atenções. Hoje na pele sentimos, como perseguições aos colegas, distorções de fatos, então a política de assédio também é enfrentasa dentro da secretaria. Precisamos de políticas desta ordem, e além de tudo, instrumentos para poder trabalhar, apesar de termos boas intenções, sem o instrumento a gente não vai alcançar o objetivo, precisamos dessa valorização pessoal que é complexo e de instrumentos para fazer uma segurança pública de qualidade”, concluiu.
De acordo com o vereador Jhonatas Monteiro (Psol), que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal, a Casa Legislativa cumpriu o papel em dar a visibilidade ao problema que atinge todo o município envolvendo a segurança pública.
“Como é sabido por todos, inclusive foi amplamente divulgado, nosso município foi colocado na 9ª posição do mundo dentro das cidades mais violentas com mais de 300 mil habitantes, considerando estes homicídios a cada 100 mil habitantes e por isso, discutir este tema é extremamente urgente e necessário. Essa audiência discutirá a segurança, dando também voz a quem geralmente é pouco visto, mas faz parte do processo que são estes profissionais da base e que no caso é a Polícia Civil”, disse.
Ainda segundo o vereador, a tabela remuneratória da categoria está defasada há mais de 10 anos, gerando assim prejuízos para os profissionais e a para a sociedade.
“A tabela remuneratória da categoria está defasada há mais de 10 anos, o que traz prejuízos não só para quem é profissional, mas toda a população, porque a medida que estes profissionais não são valorizados, no final das contas, o que acaba funcionando de modo negativo, é a própria política pública e isso causa um conjunto de transtornos que infelizmente a população precisa enfrentar, a exemplo de ir à uma delegacia e não conseguir a resolutividade do problema”, destacou.
Via: Acorda Cidade
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