Entre discursos inflamados nas redes sociais e um passado marcado por denúncias, polêmicas e acusações envolvendo violência contra mulheres, ex-deputado volta ao debate público mais como caricatura política do que como liderança.

Autointitulado “o brabo” em vídeos espalhados pelas redes sociais, o ex-deputado Marcel Morais tenta sustentar uma imagem de força, enfrentamento e coragem política. No entanto, fora do enquadramento cuidadosamente editado das câmeras, o histórico público que o acompanha é tudo, menos combativo no sentido nobre da palavra.
Longe da bravata digital, o ex-parlamentar carrega um passado político marcado por controvérsias graves, denúncias reiteradas e episódios que contrastam frontalmente com a persona destemida que tenta vender ao eleitorado. Em vez de enfrentamentos institucionais ou grandes embates em defesa da sociedade, o que emerge de sua trajetória são relatos recorrentes de comportamentos agressivos, especialmente direcionados a mulheres.
A prisão recente por agressão reacendeu um debate que, para muitos, não começou agora. O episódio é tratado por analistas políticos e por setores da opinião pública não como um ponto fora da curva, mas como mais um capítulo de um histórico problemático que há anos acompanha o ex-deputado.
Entre os casos mais simbólicos está o conflito com a própria irmã, a vereadora Marcelle Moraes, que recorreu à Justiça e obteve medidas protetivas com base na Lei Maria da Penha. A decisão judicial foi fundamentada em relatos de comportamento controlador, agressivo e episódios de violência moral e psicológica, devidamente registrados nos autos.
Outros episódios também integram esse currículo controverso. A ex-vereadora Ana Rita Tavares afirmou publicamente que quase foi agredida por Marcel Morais em 2013, durante uma reunião partidária, sendo contida por terceiros — entre eles, a então vice-prefeita Célia Sacramento. Em 2017, uma servidora da Prefeitura de Salvador também o acusou de agressão, ampliando uma lista de denúncias que se estende ao longo dos anos.
Além do campo político, Morais também se tornou figura constante em polêmicas envolvendo o ativismo animal, área que, ironicamente, costuma utilizar como bandeira pública. Acusações, embates judiciais e denúncias envolvendo maus-tratos, conflitos com criadores e episódios que jamais foram plenamente esclarecidos reforçaram sua imagem de personagem folclórico, mais associado ao conflito do que à causa.
Na prática, o ex-deputado parece representar um produto típico da política de confronto vazio, moldado no entorno do grupo liderado por ACM Neto, onde a retórica agressiva substitui resultados concretos e a exposição digital vale mais do que coerência pública. Para críticos, Marcel Morais se consolidou como mais um capacho da política rasteira, útil ao barulho, mas descartável na construção de soluções.
A tentativa de se apresentar como símbolo de coragem soa, para muitos, como ironia involuntária. Afinal, coragem não se mede por vídeos inflamados, apelidos autoatribuídos ou poses performáticas. Mede-se por histórico, postura pública e, sobretudo, pela forma como se trata os mais vulneráveis.
No fim, o “brabo” das redes parece cada vez mais distante do homem real revelado pelos fatos, processos e denúncias que se acumulam. E a política baiana, já tão carente de líderes autênticos, assiste a mais um personagem tentar sobreviver no palco, enquanto o passado insiste em puxar as cortinas.













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