Denúncias de licitação fraudulenta, contratos inflados e prejuízos ao SUS colocam a Prefeitura de Santo Amaro na mira do Ministério Público Federal; população questiona silêncio da Câmara de Vereadores
O que deveria representar cuidado, zelo e saúde pública acabou se transformando em um cenário de sujeira administrativa, suspeitas milionárias e profundo desrespeito aos munícipes. A gestão do prefeito de Santo Amaro, Flaviano Rohs da Silva Bonfim (União Brasil), passou a ocupar o centro de uma grave investigação conduzida pelo Ministério Público Federal (MPF), que apura possíveis irregularidades em contratos de limpeza urbana e coleta de resíduos, inclusive hospitalares.
Segundo a ação judicial à qual a reportagem teve acesso, manobras administrativas consideradas “suspeitas” teriam sido utilizadas para viabilizar a contratação da empresa UNILIMP Construções e Serviços LTDA (UNILIMP Soluções Ambientais) por valores que ultrapassam R$ 8 milhões, com fortes indícios de direcionamento de licitação, superfaturamento e prorrogações contratuais indevidas.
Quando a sujeira sai das ruas e entra nos contratos
De acordo com o MPF, o processo licitatório que tinha como objetivo a prestação de serviços de limpeza urbana, conservação ambiental e coleta de resíduos sólidos de saúde teria seguido um roteiro preocupante:
Licitação sob suspeita de direcionamento
Valores contratados acima do praticado no mercado
Aditivos sucessivos, elevando preço e prazo sem justificativas técnicas consistentes
Impacto direto no Sistema Único de Saúde (SUS), que teria sofrido prejuízos financeiros em razão dos valores inflados
Um Laudo de Perícia Criminal Federal (contábil/financeiro), elaborado pela Polícia Federal, reforça os questionamentos ao apontar inconsistências nos números, contratos e aditivos firmados pela Prefeitura de Santo Amaro.
O suposto golpe milionário
Na avaliação do MPF, as manobras administrativas teriam ampliado progressivamente os valores pagos, criando um cenário que pode caracterizar lesão aos cofres públicos. O resultado, segundo a acusação, é um rombo financeiro que recai sobre quem mais depende do poder público: a população, especialmente os usuários do SUS.
Para muitos moradores, o chamado “serviço de limpeza” acabou se tornando um presente de grego — caro, mal explicado e cercado de suspeitas.
Quem são os envolvidos na ação
Além do prefeito Flaviano Bonfim, figuram como réus no processo:
Josemar Mário Almeida, pregoeiro municipal
UNILIMP Construções e Serviços LTDA
Os sócios da empresa, Giovani Oliveira dos Reis e Sarah Nila Freitas Araújo
Segundo o MPF, os envolvidos teriam atuado de forma coordenada para viabilizar as prorrogações contratuais e os aumentos de valores que elevaram o suposto dano ao erário.
E a Câmara de Vereadores, por que não investiga?
Diante da gravidade das denúncias e da atuação de órgãos federais, cresce o questionamento sobre a postura da Câmara Municipal de Santo Amaro.
Até o momento, não há registro de CPI, audiências públicas robustas ou ações efetivas de fiscalização política sobre o caso.
O silêncio do Legislativo municipal levanta uma pergunta inevitável entre os munícipes:
por que a Câmara fecha os olhos para um escândalo que já mobiliza o MPF e a Polícia Federal?
O que diz o prefeito
Procurado, o prefeito Flaviano Bonfim afirma que confia em sua inocência e destaca que o processo ainda se encontra em fase inicial, ressaltando que exercerá plenamente o direito de defesa ao longo da tramitação judicial.
Apuração segue
O caso segue sob investigação e ainda passará por novas etapas, incluindo produção de provas e decisões judiciais. Enquanto isso, Santo Amaro convive com uma dura realidade:
a sujeira que deveria ser retirada das ruas pode ter sido varrida para dentro dos contratos públicos.
O BahiaNotícia continuará acompanhando os desdobramentos.












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