Prefeito de Lauro de Freitas de 1989 a 92, cinco vezes deputado federal e agora duas vezes vice-governador de Rui Costa, João Leão tem um vasto cabedal de obras, a começar pela Barra de São Francisco, terra onde se criou, chegando menino de Recife, onde é quase unanimidade como bom filho.
No final de 2021 Leão chega no ápice aos 75 anos, com uma bela trajetória e também um problemaço, se não do tamanho da obra, grande o suficiente para arrombar o casco. Ele brada que é candidato ao governo e a posição é encarada pelo mix de Rui Costa como normal, questão de sobrevivência. Aí entrou Bolsonaro na parada e a panela ferve.
Caminhos – A cogitada filiação de Bolsonaro ao PP provoca intenso tiroteio no partido pelo país afora, alguns dizendo explicitamente que vão sair, na Bahia, embora com simpatizantes prós e contras, ninguém fala em cair fora, mas quer ficar com sua independência, o preferencial, manter a aliança com o PT.
Se Bolsonaro confirmar a filiação, óbvio que a situação reverbera cá. E há possibilidade de João Leão virar o candidato de Bolsonaro? A pergunta foi feita ao próprio.
– Nunca tratei disso. E só farei tratativas sobre os rumos a seguir em dezembro.
O certo é que botou o pé na estrada e vai tocar em frente. Evoca a sua história como grande cabo eleitoral. História de muito mais acertos, ressalte-se, mas segundo alguns, pouco numa conjuntura desfavorável. O desafio é sair disso bem.
Transatlânticos no Morro não
Se os transatlânticos de cruzeiro, cuja temporada começa agora em novembro, preocupam em Salvador, como bate no Morro de São Paulo, em Cairu? Em nada, segundo o prefeito Hildécio Meirelles (DEM). Ele diz que o Programa Praias do Brasil, do Ministério do Turismo, prevê transformar a fortaleza do Morro num centro náutico, o que permitirá receber cruzeiros.
– Está andando, mas ainda é projeto. E confesso, não estou com pressa.
O velho e o novo na cena
A estratégia de ACM Neto de exibir-se para 2022 como o novo, para além de intenções sobre políticas públicas, tem um ingrediente etário visível. Jaques Wagner, o virtual candidato do PT, 70 anos, Otto Alencar, 74 anos e João Leão, 75, completando o triunvirato do eixo político do governo, juntos somam 219 anos.
Dizem no tititi que é justamente a idade, 70 anos, que pesa contra Zé Ronaldo, ex-prefeito de Feira, aliado de Neto.
Bellintani de volta à cena
Tal e qual no período pré-eleitoral do ano passado, o nome de Guilherme Bellintani, presidente do Bahia volta ao palco das especulações políticas. Dizem que a estampa dele cairia bem no propósito de ACM Neto montar uma chapa com a cara do novo.
Dizem que ele já está até mirando um partido, mas tal e qual em 2019, precisa mostrar serviço em campo, fazendo o Bahia ganhar. Ou pior, se o Bahia cair, na política ele cai também.
Há algo errado na gestão das águas do Paraguaçu
O Inema baixou esta semana portaria que obriga a redução de consumo das águas na Bacia do Paraguaçu, o manancial que abastece Pedra do Cavalo e por tabela Salvador. E segundo Evilásio Braga, o presidente do Comitê do dito cujo, cometeu dois erros encadeados.
1 – A Bacia tem 600 km e passa por 86 municípios. Tem alguns pontos secos, como Utinga e Mucugê, mas outros não.
2 – O decreto atinge em cheio os que fazem a retirada legal, detentores de outorgas, mas 90% dos usuários são ilegais. Ou seja, mais um caso em que o justo estaria pagando pelo pecador.
– A forma correta de administrar isso seria o planejamento sistemático, que iria dando o alerta progressivamente. Isso não existe.
POLÍTICA COM VATAPÁ
O irmão gêmeo
João Jorge Amado, filho dos escritores Jorge Amado e Zélia Gattai, o grande arauto dos tempos dos coronéis do cacau, conta que lá um dia, quando tinha 12 anos, foi chamado pelo pai para ir ao velório de um amigo.
Lá, ficou num canto quieto, quando chegou um cidadão já idoso, botou as mãos no ombro dele:
– Meu filho, você é jovem, aproveite a vida, que eu já estou dessa idade e não aproveitei.
Na saída, o pai chamou ele para despedir-se do morto. Quando bateu o olho no caixão, o pavor desabou: era o mesmo homem que tinha lhe mandado aproveitar a vida.
O inferno astral se instalou, o medo de ficar sozinho, quarto sempre com a luz acesa, mesmo assim não dormia direito, psicólogos, família preocupada e nada.
Anos depois ele se bate com o cidadão que chegou junto dele no velório, esclareceu o caso: era irmão gêmeo do morto. Mas cobrou a fatura pelo sofrimento soltando o grito solene:
– Fdp!
Reprodução: Coluna – ATarde
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