A tragédia envolvendo o jovem cantor Gabriel Diniz e os dois pilotos neste dia 27, me lembrou o episódio ocorrido com os Mamonas Assassinas em 1996 e mais recentemente com a equipe da Chapecoense em 2016. Não apenas pela semelhança das circunstâncias do acidente, mas por tratar-se também de jovens, com um futuro promissor, no auge do sucesso e que muitas alegrias ainda tinham a proporcionar.
Isso nos leva a uma reflexão da efemeridade da vida, da rapidez com que as coisas acontecem e do quanto é importante aproveitarmos cada momento, sempre fazendo o bem e tirando proveito desta dádiva que recebemos, porque num sopro tudo pode ter um fim, no caso deles, um fim trágico.
O sucesso, a fama, o glamour as vezes tem um preço muito alto: A falta de vida própria, de privacidade, de segurança; onde os holofotes muitas vezes encandeiam nossos olhos a ponto de deixarmos de enxergar as pessoas como iguais e nos consideramos mais importantes, mais sábios, mais valiosos, mais, mais, mais tudo . . . Quando na verdade não somos nada mais que seres humanos com as mesmas fraquezas, com os mesmos defeitos e virtudes em fim, com a mesma origem.
O exercício da humildade, não se traduz em abrir mão de posses, de poder, de fama , mas em saber como conviver com tudo isso em meio àqueles que não tiveram a mesma sorte ou o mesmo destino e ao menos, com gestos e palavras de incentivo, mostrar que todos somos capazes e ninguém é melhor e mais importante do que ninguém.
Hoje como ontem, lamentamos a partida abrupta e precoce dos nossos ídolos, amigos, parentes, mas ignoramos que estamos a cada momento sujeito às mesmas provações e esquecemos com isso, de dar valor a coisas simples e acessíveis como contemplar o movimento das águas, o voo dos pássaros, a formação das nuvens o colorido do pôr do sol, o sorriso de uma criança. . . E com isso, vamos esquecendo de viver.
Recordo-me que um outro grande ídolo , o campeão Ayrton Sena, no auge da sua lucidez e parecendo profetizar o próprio destino certa vez declarou: “ Somos insignificantes. Por mais que você programe sua vida a qualquer momento tudo pode mudar”. Assim, cada exemplo, cada história triste de vidas ceifadas com a rapidez de um Jato, nos deixa mais convictos que o mais importante na vida é saber viver, buscando descobrir na nossa insignificância, qual o significado da nossa passagem por ela.
José Raimundo Fonseca, é graduado em Direito, graduando em Letras e pós graduado em Gestão Pública pela Universidade Federal UNILAB, também é escritor e titular da Cadeira de n. 14 da Academia de Letras de São Francisco do Conde.
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