Um dos períodos mais violentos da história recente do Brasil, o Golpe Militar de 1964, completa seis décadas neste domingo (31). As marcas do regime, no entanto, ainda permanecem atuais, apesar de passarem por um contínuo processo de apagamento histórico.
Ao caminhar em Salvador, em frente ao Forte do Barbalho, poucas pessoas têm noção de que, há 60 anos, o local era considerado um dos maiores centros de tortura da capital.
Paulo Pontes, professor de Economia aposentado da Universidade Estadual da Bahia (Uneb), foi um dos torturados no espaço. Capturado pelos militares em 1970, ο economista relatou o que presenciou dentro das torres do Forte, em entrevista ao Metro1.
O professor chegou em Salvador meses antes de ser preso, em fevereiro, no sábado de Carnaval. Natural de Pernambuco, ele desembarcou na capital baiana clandestinamente, já que era um líder estudantil procurado pelos agentes do governo.
“Fui preso no Dique do Tororó. Preso não, sequestrado. Os policiais estavam em um Jipe, me pegaram à força e começaram a tortura na mesma noite, no prédio da Polícia Federal, que naquela época ficava bem próximo ao Mercado Modelo”, afirmou Paulo Pontes.
“Dois ou três dias depois me levaram para o Forte do Barbalho, onde passei mais dez dias seguidos sendo torturado. Eles torturavam a gente, fisicamente e psicologicamente, durante a folga do expediente da instituição, que era de 9h às 15h. Era tudo levado como algo institucional”, completou.
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