A recente e massiva exoneração de quase mil funcionários em Madre de Deus, orquestrada pelo prefeito Dailton Filho, o “Santinho”, expôs de forma cruel a fragilidade de seu grupo político. Contudo, a aparente “humilhação” imposta aos seus aliados parece ser apenas um prelúdio para uma estratégia ainda mais controversa: a entrega de cargos importantes a figuras políticas de fora do município, visando fortalecer seu poder para as eleições de 2026 através de acordos políticos questionáveis.
Após o “tsunami” de demissões que deixou um rastro de desemprego e instabilidade na cidade, “Santinho” já articula a recomposição de seu governo a partir da próxima segunda-feira (31). E o que se revela é um cenário onde a prioridade não é a valorização dos quadros locais, mas sim a acomodação de interesses externos em troca de apoio futuro.
A confirmação do nome da ex-candidata à prefeitura de Candeias, Marivalda Silva (PT), derrotada nas urnas em 2024, para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (embora o PT almejasse a Educação) é um claro indicativo dessa política de “importação” de lideranças. O acordo, segundo informações, teria o aval do deputado estadual Niltinho (PP), que vislumbra o apoio de Dailton em 2026 para uma dobradinha com a deputada federal Ivoneide Caetano (PT).
Essa movimentação levanta sérias questões sobre o compromisso de “Santinho” com Madre de Deus. Em vez de reconstruir seu governo com nomes que conhecem a realidade local e que foram preteridos na onda de demissões, o prefeito parece priorizar a barganha política com figuras sem ligação prévia com o município. A nomeação de uma ex-candidata de outra cidade para uma pasta tão relevante como a de Desenvolvimento Econômico soa como um tapa na cara dos moradores de Madre de Deus, que veem seus próprios talentos e necessidades sendo ignorados em prol de um projeto de poder para 2026.
A insatisfação com essa política de aliados de outras cidades é evidente. A demissão em massa já havia abalado a base do prefeito, com vereadores se reunindo em busca de soluções para o “caos instalado”. A notícia da possível nomeação de figuras externas para cargos importantes apenas acirra os ânimos. Há relatos de que vereadores exigirão o retorno de seus indicados até a próxima segunda-feira, sob pena de acionar uma CPI para investigar a empresa Embraed, já sob escrutínio do TRE por suspeitas de irregularidades eleitorais em 2024.
Os rumores de que o ex-vereador de São Francisco do Conde, Luís de Nem, também estaria se movimentando para assumir uma secretaria, inclusive adquirindo imóvel na cidade, reforçam a percepção de que Madre de Deus está se tornando um mero trampolim político para figuras de outros municípios, de olho nas eleições futuras.
A repetição dessa cena é lamentável. Madre de Deus, mais uma vez, parece refém de conveniências políticas, sendo utilizada como um “cabide de emprego” para atores externos, em detrimento da valorização e do desenvolvimento de seus próprios cidadãos. A prioridade do prefeito em garantir o poder em 2026, através de acordos com políticos de fora, escancara um desprezo pela crise local e pela humilhação imposta ao seu próprio grupo, levantando sérias dúvidas sobre o futuro da gestão e o verdadeiro compromisso do prefeito com o bem-estar da população de Madre de Deus.
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