ASSOCIAÇÃO ENTRE HIPOVITAMINOSE D E OBESIDADE
A obesidade é uma doença multifatorial, crônica, não transmissível, e que atualmente é considerada uma epidemia mundial e consequentemente um grave problema de saúde pública. A sua gênese envolve fatores diversos, como a genética, condições do ambiente familiar e de residência, padrão dietético não saudável, caracterizado pelo consumo elevado de fast food e bebidas açucaradas e inatividade física.
De acordo o DATASUS, em 2011 houve um aumento três vezes mais da quantidade de óbitos devido a complicações relativas a obesidade. Avalia-se que em 2025 a média de óbitos por excesso de peso alcance a marca dos cinco milhões (IBGE, 2017).
No Brasil, a exemplo do que acontece em outros países com clima semelhante, a prevalência elevada de hipovitaminose D tem sido questionada pela comunidade cientifica, visto se tratar de um pais tropical, e que, teoricamente, não se esperaria prevalências tão elevadas de hipovitaminose D. além disso, a literatura ainda carece de mais investigações sobre o real papel da hipovitaminose D na saúde da população, dado que ela vem sendo associada com diversas patologias, dificultando o entendimento e estabelecimento de possíveis mecanismos de ação.
A vitamina D é um composto bioativo lipossolúvel, sintetizada majoritariamente pelo tecido cutâneo e ativada nos rins e no fígado. Além disso, pequenas frações dessa vitamina podem ser adquiridas através da alimentação.
A vitamina D desempenha papel importante na homeostase do cálcio, saúde óssea, sistema imunológico. Recentemente foi-lhe atribuída diversas funções hormonais, sendo considerado um pró-hormônio, influenciando diversas vias metabólicas e expressão de muitos genes, alguns ainda em estudo genica. Sua insuficiência, a hipovitaminose D, por outro lado, tem sido associada a diversas enfermidades, como obesidade, doenças cardiovasculares, atópicas e imunológicas.
A deficiência de vitamina D, ou sua insuficiência se associa a adversidades que incluem doenças autoimunes, como diabetes melito tipo 1, hipertensão arterial, aterosclerose, obesidade, resistência à insulina e intolerância à glicose. Entre as enfermidades envolvidas com a hipovitaminose D, destaca-se o excesso de peso, caracterizado por quadros de sobrepeso e obesidade. Porém, os mecanismos associados a está relação são ainda pouco estudados. Além disso, não se tem clareza do sentido desta relação, ou seja, não se sabe se a obesidade ocasionou a hipovitaminose D ou se a hipovitaminose contribuiu para a ocorrência do excesso de peso.
A obesidade, a duração e o período de exposição solar, e a pigmentação da pele são fatores que influenciam os níveis circulantes de vitamina D, afetando de forma desigual os indivíduos. Além da suplementação com vitamina D, outras estratégias têm sido adotadas na tentativa de reduzir a deficiência de vitamina D em indivíduos com excesso de peso. O consumo de peixes de águas profundas é uma alternativa viável na melhoria do acesso a fontes alimentares desta vitamina, assim como a exposição ao sol sem protetor solar em horários específicos, juntamente com a redução do uso de roupas que cobrem o corpo todo.
Hipotetiza-se que indivíduos com obesidade ocorrem o acumulo de vitamina D nos adipócitos, dado o seu sequestro pelo tecido adiposo, impedindo assim que ela seja disponibilizada na corrente sanguínea, ocasionando uma redução dos seus níveis plasmáticos, explicando assim as diferenças na dosagem de vitamina D em indivíduos obesos e não obesos. Porém, está hipótese não explica o aumento dos níveis séricos de vitamina D em indivíduos com excesso de peso após a suplementação com vitamina D, a exemplo do que acontece no estudo de DRINCIC et al., (2013).
Neste sentido, Percegoni (2014) aponta em sua revisão as dificuldades e as contradições referentes a associação entre hipovitaminose D e a obesidade, dado que alguns estudos tem apontado que a deficiência de vitamina D pode exercer um efeito importante na obesidade, pois indivíduos obesos têm apresentado baixa concentração de vitamina D, e tendem a não reagir bem à suplementação com vitamina D, sendo necessário o entendimento dos mecanismos de ação que explicam essa relação, visando à oferta de um cuidado nutricional adequado e completo.
Estudo destaca que mesmo com alta incidência de radiação solar no Brasil, a deficiência de vitamina D tem uma alta prevalência, associado a baixa ingestão de cálcio influenciam no surgimento de Síndrome metabólica e diabetes mellitus tipo 2. Diante deste panorama, caracterizado por divergências de resultados e escassez de publicações, este estudo propõe revisar a literatura acerca da relação entre a hipovitaminose D e a obesidade em adultos e idosos, assim como os mecanismos envolvidos.
Além disso, observa-se que a preocupação com o papel da hipovitaminose D na obesidade é uma questão mundial, dado os níveis alarmantes da prevalência de hipovitaminose D no mundo, visto ser considerada atualmente um problema de saúde pública. Assim, as evidencias disponíveis não são suficientes para elucidara relação e os mecanismos de ação entre hipovitaminose D e a obesidade. Aqueles estudos que demonstram a existência de uma associação entre hipovitaminose D e obesidade não apontam o sentido da relação, ou seja, são incapazes de elucidar se é a obesidade que ocasiona hipovitaminose D ou vice-versa. Diante deste cenário, novos estudos se fazem necessários, em especial aqueles do tipo coorte, para elucidar a possível relação entre hipovitaminose D e obesidade, seu sentido e os mecanismos de ação subjacentes a esta relação.
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